quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O banco


Sentei-me num banco de praça
Desses que os velhos se sentam
E num instante me percebi jovem
Ao olhar o mundo velho ao meu redor

No instante seguinte veio um menino
Desses que corre do braço da mãe
Como quem corre de um incêndio
Vinha em minha direção

Sentou-se ao meu lado
E disse seu nome
Logo em seguida perguntou o meu
Eu o respondi

O menino estava cansado
Pois vivera tão pouco
E já lhe fora esperado tanto
Que o pouco da vida que conhecia
Já lhe trazia fadiga

Falei para acalmar-se
A vida tem dessas coisas
Faz de nós personagens
E esperamos sermos os mocinhos
Porém muitas vezes
Não passamos de um mero coadjuvante
Percebi que do menino escorreu uma lagrima
Uma lagrima que me significou tanto
E que foi em tão pouco tempo
Percorrendo o doce e suave rosto
Do jovem cansado da vida

Perguntou-me o que valia a pena
Disse-lhe que tudo na vida vale
Ele então questionou o que tinha maior valor
Eu disse que o verdadeiro valor das coisas
Não está nelas, mas nos gestos

Ele disse que para ele
O que mais valia na vida era o tempo
Menino sábio
No fundo tive de concordar com ele
O tempo é o dono das coisas e da vida

Quando percebi
O tempo tinha passado
O menino tinha virado jovem
Eu tinha virado velho
E o mundo...
Bom o mundo continuava velho 

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