sexta-feira, 7 de abril de 2017

Diálogo

Sabe,
Dia desses vim pensando assim
Sobre nós dois
Sobre o que tu representas a mim
E eu a ti

Percebi que não passo de um menino
E ainda não entendi o que és
Se és a comida que como
Se és o ar que respiro
Ou se és este amigo imaginário a quem me refiro

Enlouqueço varando noite a dentro
Questionando-me a real necessidade de compreender
A mim
E também, a ti

Fiquei descalças para melhor sentir o chão
Tirei a blusa que cobria o meu tórax
Para melhor sentir as batidas de meu coração
Por fim vi-me nu, tanto de mente quanto de corpo

Mas quero que entendas o meu escopo
Assim como quero te entender
Muito provavelmente já conversaste com tantos outros
Este mesmo assunto

E estes muitos outros talvez não o tenham compreendido
Talvez tenham o sentido mudo
Apático ao que acontece
Tanto de bom quanto ruim

Mas como um cantor baiano diz a mim
Se eu quiser falar contigo
"Tenho de ficar a sós
Tenho que apagar luz
Tenho que calar a voz"

Então, percebo
Devo calar-me
Pois assim, quem sabe
Eu por fim te entenda
E nos teus braços eu me renda 

segunda-feira, 6 de março de 2017

Estações

E aí o verão acabou
Aquela gente animada foi se recolhendo
Indo embora pouco a pouco
Nosso cotidiano volta com tudo

Aos apaixonados pelo frio
Assim como eu
Dão graças que o calor vai-se aos poucos
E nos deixa histórias de noites de verão
Que talvez nunca nos lembremos

As cervejas deixam de estar em primeiro lugar
Pelo menos em minha lista
A solitude me abraça como uma velha amiga que há muito não via
Abro a porta do meu peito e a deixo confortável

Manhãs frias estão por vir
Folhas estão por cair
Flores a murchar
E as noites acaloradas de amigos
São substituídas pela submersão pessoal

Procurando encontrar um equilíbrio entre o prazer das noites quentes
Junto a calmaria das noites frias do outono e inverno
Me vejo um caçador da minha felicidade
Pois queria que o tempo estancasse feito o olhar do ser mais apaixonado por sua primeira noite de amor
Seja ela de frio
Seja ela de calor